quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Como deve atuar o orientador educacional

A atuação do orientador se potencializa quando é integrada ao trabalho dos professores

Um dos principais papéis do orientador educacional é fazer uma escuta atenta das relações interpessoais construídas no cotidiano, ajudando a revelar o currículo oculto que se produz e reproduz nos diversos ambientes de aprendizagem. A atuação dele, porém, se potencializa quando está integrada ao trabalho da equipe pedagógica. Vamos analisar essa função usando a experiência concreta que aconteceu em uma escola na capital paulista. 
Um professor de Ciências procurou a orientadora educacional preocupado com o comportamento de três alunos que, apesar de apresentarem desempenho satisfatório, se mostravam dispersos, desatentos e conversavam muito, segundo o docente. A orientadora se propôs a acompanhar as aulas durante alguns dias. É importante frisar que, nessa instituição, os orientadores são frequentemente convidados por docentes, alunos e coordenadores a observar as relações que se desenvolvem nos espaços coletivos, como a sala de aula, a biblioteca, a cantina, o parque, a quadra, os banheiros etc., pois o que neles acontece é tido como uma importante ferramenta de análise. 
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A primeira ida da orientadora à classe antecedeu a avaliação mensal da disciplina. A maioria do grupo se mostrou envolvida com as atividades, expondo as dúvidas ao professor, que as respondia claramente e introduzia comentários problematizadores nas explicações. Aparentemente, a aula transcorrera bem. Uma das estudantes que preocupavam o docente havia faltado e os outros dois foram colaborativos e não conversavam paralelamente mais do que os colegas.

A orientadora voltou a observar a turma após a avaliação. Nessa ocasião, o professor iniciou a aula devolvendo as provas corrigidas e explicando que, em vez da revisão coletiva, preferia fazer comentários gerais, indicando os erros. Os alunos tinham de identificá-los e aqueles que haviam tirado 6 ou menos poderiam refazer as questões, acrescentando assim um ponto à nota inicial. 

A orientadora educacional notou que, além de não prestar atenção, oito estudantes (do total de 26) estavam preocupados em copiar a prova de uma colega que havia tirado dez - entre eles, um dos que preocupavam o professor. Ela também percebeu o incômodo de um jovem e perguntou a ele o que se passava: "Tirei 6,5. Portanto, não posso refazer os exercícios. Eu preferia ter tirado seis, assim minha nota subiria para 7".

O episódio propiciou diversas ações e reflexões. Ao tomar conhecimento das observações da aula, o professor - ao mesmo tempo surpreso e decepcionado - compartilhou o episódio em uma reunião com os colegas e com o coordenador pedagógico. Nela foram discutidos os princípios que nortearam as escolhas didáticas, os termos da proposta de refazer a prova e a média 6 como critério para fazer a atividade. Nesse dia, começou uma discussão sobre o sistema de avaliação e suas repercussões no contrato didático - que corria o risco de se romper e assim abalar a relação de confiança entre o docente e a turma. Lembrando: o conceito de contrato didático foi formulado pelo francês Guy Brousseau, especialista em didática da Matemática: a relação entre o saber, o professor e o aluno, sempre tendo em vista a aprendizagem, se estabelece por meio de regras implícitas e explícitas. Ambos descobrem, aos poucos, as estratégias, intenções e expectativas que um tem em relação ao outro, sendo que, para entrar no jogo, o estudante precisa acreditar que as escolhas didáticas que o professor faz são adequadas. 

Voltando à história, a orientadora educacional combinou uma entrada conjunta com o docente em sala para discutir o episódio. Boa parte dos alunos não havia refeito os exercícios, certamente por não ter atribuído sentido à tarefa. Quais foram as motivações dos que desprezaram a proposta? E dos que a realizaram? E daqueles que copiaram as respostas da colega? Como a jovem que emprestou a prova entendeu o episódio? Todos foram convidados a se pronunciar, pois não se tratava de julgamento, mas de um diálogo de esclarecimento. 

Não cabe aqui explicitar o conteúdo dessa conversa, mas apontar que ela propiciou várias aprendizagens. Evidenciou-se que o sistema avaliativo estava transmitindo a mensagem de que a nota era mais importante que o processo de aprendizagem. A inquietação com a postura dos jovens foi substituída por outras mais pertinentes, entre elas o sentido dado às avaliações - e o tema passou a ocupar lugar de destaque nas reuniões pedagógicas e na sala de aula. A parceria entre o professor e a orientadora educacional possibilitou que uma reclamação sobre comportamento se configurasse em um problema coletivo para os corpos docente e discente - como geralmente acontece. A interlocução ganha força e toda a comunidade se beneficia quando uma queixa é tratada em profundidade.

Fontehttp://gestaoescolar.org.br/formacao/uniao-pedagogica-orientacao-funcao-orientador-educacional-trabalho-508108.shtml

http://emanuellemilek.blogspot.com.br/2013/06/resenha-do-texto-orientador-educacional_18.html

3 comentários:

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  2. A função do Orientador Educacional é relevante, pois o seu trabalho além de intermediar conflitos escolares ele é o elo entre educadores, pais e estudantes. Ajuda os professores a compreender os comportamentos dos alunos, atuando em conjunto com os membros da equipe gestora. Parabenizo todos os Orientadores Educacionais por esse trabalho de suma importância, na vida de cada indivíduo.
    Leomir de Souza Silva

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  3. Realmente o papel do Orientador Educacional não é nada fácil. Ter que ser mediador entre professor,aluno e família não é nada fácil.Posso dizer que é um trabalho de formiguinha, onde todos os dias se trabalha um aluno aqui e outro ali para tentar recuperá-lo. A todo instante vejo o orientador tentando incentivar o aluno através de uma conversa com a família e com o professor para encontrar soluções que possam fazer essa criança desenvolver em seu aprendizado. É um trabalho árduo em prol da criança. Parabéns a todos os Orientadores Educacionais.
    Trio: Aracy Santos, Cristiane Martins e Maria Cecília Paixão

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